O presidente do
Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim
Barbosa, declarou que o sistema carcerário do Rio Grande do Norte está entre os
piores do Brasil. “É muito desumano ver o que nós vimos aqui hoje”, avaliou
Joaquim Barbosa após visitar o Pavilhão II, da Penitenciária Estadual de
Alcaçuz, em Nísia Floresta, na tarde de hoje (19). Para o presidente do CNJ, o
mais urgente é fazer uma tentativa de humanizar minimamente as situações vistas
nas inspeções do Mutirão Carcerário.
No local, Joaquim Barbosa constatou a
situação degradante a qual estão submetidos os mais de 160 apenados daquele
pavilhão. Ao todo, Alcaçuz abriga mais de mil condenados. No Pavilhão II, o
presidente do CNJ se deparou com um cenário “caótico e desumano”. Celas sem
ventilação ou iluminação, gambiarras nas fiações elétricas, urina escorrendo
pelos corredores, estrutura física do pavilhão completamente degradada, forte
cheiro de urina e fezes, além de problemas com o sistema de esgoto, que está
empoçado ao lado do local. Estas foram algumas das cenas vistas pelo ministro
Joaquim Barbosa em sua inspeção ao presídio.
Fotos divulgação: TJRN
Em conversa com o juiz de Execuções Penais e
corregedor do presídio, Henrique Baltazar, o presidente do CNJ quis saber
detalhes sobre a situação dos presos, se tinham banho de sol, acesso a a
serviços de saúde e visitas íntimas. Mas o que mais chamou sua atenção foram as
condições precárias da infraestrutura e a situação dos apenados.
“Muito pouco ou quase nada foi feito do
último mutirão para cá. As coisas não evoluíram. As autoridades desse estado
precisam refletir seriamente sobre esse problema. É um avanço civilizacional
que precisa ser feito urgentemente porque as consequências desse descaso, desse
abandono, se refletem no desassossego social”, declarou o ministro em coletiva
à imprensa.
Questionado sobre que medidas devem ser
tomadas para melhorar essa situação, Joaquim Barbosa respondeu que “o Governo
do Estado sabe muito bem o que precisa ser feito, já há dois anos. Nada foi
feito, há reclamações de que há entraves administrativos. Me prontifiquei a
conversar com a governadora do Estado e o ministro da Justiça para remover
esses entraves”.
O presidente do CNJ frisou que a
resolutividade dos problemas do sistema carcerário são de incumbência do Poder
Executivo local. “A medida a ser feita quem tem que fazer não somos nós, o
Judiciário. O que falta aqui na verdade é a tomada de deliberações concretas no
sentido, pelo menos minimizar uma situação que é caótica, que é desumana”,
encerrou.
Fonte: TJ/RN.
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